Eu sempre tive o desejo de residir fora do Brasil. Acredito que pela grande troca de cultura, pela possibilidade de conhecer diversos países e viajar, pela infra-estrutura, e por diversas razões.
Essa vontade foi sempre "abafada" pela correria do dia a dia. Até que um dia eu e meu marido conversamos e decidimos que era hora. Tínhamos planos de ter filho e gostaríamos de poder dar melhores condições a ele.
Pesquisamos muito e conversamos com muitas pessoas e decidimos ir para Irlanda. Inicialmente iríamos para Suiça italiana, mas eu teria que ir sozinha, arranjar emprego para depois ele ir para lá e conseguir o visto para residir lá. A Irlanda, por outro lado, era simples: ele pegaria o visto de estudante até eu conseguir emprego fixo e entrarmos com o pedido de STAMP4EUFAM (visto de familiar de europeu). E assim foi...
Depois de quase 2 anos morando fora, recebemos visita de minha mãe, meu irmão, minha cunhada e até amiga da família. Estávamos "matando" as saudades com essas visitas e com o uso de skype diariamente.
Entretanto, nem todos nossos familiares tem como se deslocar. Esse era o caso de minha vozinha....uma mulher com temperamento forte, mas uma senhora exemplar, muito estudada, muito generosa e a matriarca da família. Durante esses 2 anos que não a vi...o Alzheimer a pegou de jeito.
Com passagens compradas para o Brasil....as semanas sendo contadas para eu e marido irmos matar nossas lombrigas das comidinhas que amamos, abraçar e beijar muito nossos familiares e amigos e fazer o chá de fralda com pessoas que são importante para nós....eis que recebemos uma triste notícia!!!
Minha vó estava internada e o quadro dela somente piorava. Após ser transferida para a UTI e o quadro não apresentar melhora (pelo contrário)....eu não suportei a ideia de não estar junto da minha família e de visitar a mulher que ajudou a me criar, que me ensinou tanto e me deu muito amor.
Tentei mudar minha passagem já comprada, mas não consegui. Então comprei as passagens no domingo, embarquei na segunda-feira.
Aí me veio outra preocupação: e o meu serviço? Como faço para não perder emprego? Afinal, meu bebê precisa de estabilidade financeira.
Fui até o HSE que acompanha minha gestação e conversei com a médica para que me fosse concedida uma licença saúde. Quando ela assinou e me deu a carta afirmando que eu deveria ficar afastada por motivo de doença....me veio um sentimento de alívio. Agora sim...agora eu poderia viajar sem me preocupar com isso.
Embarquei meio sem acreditar que estava passando por aquilo...querendo ir logo ver minha vó. Assim, a viagem se tornou longa e mais cansativa do que de costume.
Terça-feira cheguei em SP, meus familiares foram me buscar e lá vai mais 2h30 - 3h de viagem de carro.
Cheguei um bagaço na casa da minha mãe...sentei um pouco...tomei banho e corremos pro hospital.
Não era horário de visita, mas queríamos ver se havia a possibilidade de nos deixar entrar na UTI para uma visita, nem que rápida.
O médico na hora liberou...assim que chegamos na UTI ele nos esperava e disse que chegamos no momento certo, pois ela estava nos deixando a qualquer momento.
Eu tinha pensado em tanta coisa para dizer para ela (mesmo sabendo que estava sedada). Ao vê-la eu fiquei chocada! Aquela mulher forte estava inchada, com o rosto coberto por uma grande máscara para receber oxigênio e um semblante de luta para respirar. As palavras nem balbuciadas saiam...eu simplesmente não conseguia reagir. Eu chorava e perdia o ar...enquanto minha mãe achava espaço por baixo de fios, máscara e afins para beijá-la e confortá-la nesse momento triste. Uma das atendentes perguntou se eu estava bem....fiquei com medo de me tirarem de lá, pois sabiam que eu estou grávida.
Depois de lutar comigo mesma, eu soltei algumas frases a ela....cheguei bem perto do ouvido e disse que eu e o bisnetinho dela amamos muito ela e que tínhamos vindo correndo para vê-la. Consegui dar um abraço...e fomos embora.
Depois de 1h30 -2h o hospital liga....ela faleceu. Ela somente estava me esperando para finalmente encontrar com os queridos dela que a estavam esperando junto ao Pai, nosso Senhor.
Acho que se eu não tivesse vindo vê-la...eu sentiria um remorso e o carregaria pelo resto de minha vida.
Eu estou no exterior por melhores condições para mim, meu marido e meu filho....mas ficar longe da família e passar por momentos como esse é sentir um dor tão grande...uma impotência de estar longe...é uma sensação de briga interna. Pois ficar próximo da família é de extrema importância, mas morar em um país que a taxa de desemprego somente cresce, que a inflação sobe, os preços de tudo está um absurdo, que a roubalheira descarada de governantes não termina, ....como criar um filho aqui se eu tenho a oportunidade de dar outras condições?
Essa vontade foi sempre "abafada" pela correria do dia a dia. Até que um dia eu e meu marido conversamos e decidimos que era hora. Tínhamos planos de ter filho e gostaríamos de poder dar melhores condições a ele.
Pesquisamos muito e conversamos com muitas pessoas e decidimos ir para Irlanda. Inicialmente iríamos para Suiça italiana, mas eu teria que ir sozinha, arranjar emprego para depois ele ir para lá e conseguir o visto para residir lá. A Irlanda, por outro lado, era simples: ele pegaria o visto de estudante até eu conseguir emprego fixo e entrarmos com o pedido de STAMP4EUFAM (visto de familiar de europeu). E assim foi...
Depois de quase 2 anos morando fora, recebemos visita de minha mãe, meu irmão, minha cunhada e até amiga da família. Estávamos "matando" as saudades com essas visitas e com o uso de skype diariamente.
Entretanto, nem todos nossos familiares tem como se deslocar. Esse era o caso de minha vozinha....uma mulher com temperamento forte, mas uma senhora exemplar, muito estudada, muito generosa e a matriarca da família. Durante esses 2 anos que não a vi...o Alzheimer a pegou de jeito.
Com passagens compradas para o Brasil....as semanas sendo contadas para eu e marido irmos matar nossas lombrigas das comidinhas que amamos, abraçar e beijar muito nossos familiares e amigos e fazer o chá de fralda com pessoas que são importante para nós....eis que recebemos uma triste notícia!!!
Minha vó estava internada e o quadro dela somente piorava. Após ser transferida para a UTI e o quadro não apresentar melhora (pelo contrário)....eu não suportei a ideia de não estar junto da minha família e de visitar a mulher que ajudou a me criar, que me ensinou tanto e me deu muito amor.
Tentei mudar minha passagem já comprada, mas não consegui. Então comprei as passagens no domingo, embarquei na segunda-feira.
Aí me veio outra preocupação: e o meu serviço? Como faço para não perder emprego? Afinal, meu bebê precisa de estabilidade financeira.
Fui até o HSE que acompanha minha gestação e conversei com a médica para que me fosse concedida uma licença saúde. Quando ela assinou e me deu a carta afirmando que eu deveria ficar afastada por motivo de doença....me veio um sentimento de alívio. Agora sim...agora eu poderia viajar sem me preocupar com isso.
Embarquei meio sem acreditar que estava passando por aquilo...querendo ir logo ver minha vó. Assim, a viagem se tornou longa e mais cansativa do que de costume.
Terça-feira cheguei em SP, meus familiares foram me buscar e lá vai mais 2h30 - 3h de viagem de carro.
Cheguei um bagaço na casa da minha mãe...sentei um pouco...tomei banho e corremos pro hospital.
Não era horário de visita, mas queríamos ver se havia a possibilidade de nos deixar entrar na UTI para uma visita, nem que rápida.
O médico na hora liberou...assim que chegamos na UTI ele nos esperava e disse que chegamos no momento certo, pois ela estava nos deixando a qualquer momento.
Eu tinha pensado em tanta coisa para dizer para ela (mesmo sabendo que estava sedada). Ao vê-la eu fiquei chocada! Aquela mulher forte estava inchada, com o rosto coberto por uma grande máscara para receber oxigênio e um semblante de luta para respirar. As palavras nem balbuciadas saiam...eu simplesmente não conseguia reagir. Eu chorava e perdia o ar...enquanto minha mãe achava espaço por baixo de fios, máscara e afins para beijá-la e confortá-la nesse momento triste. Uma das atendentes perguntou se eu estava bem....fiquei com medo de me tirarem de lá, pois sabiam que eu estou grávida.
Depois de lutar comigo mesma, eu soltei algumas frases a ela....cheguei bem perto do ouvido e disse que eu e o bisnetinho dela amamos muito ela e que tínhamos vindo correndo para vê-la. Consegui dar um abraço...e fomos embora.
Depois de 1h30 -2h o hospital liga....ela faleceu. Ela somente estava me esperando para finalmente encontrar com os queridos dela que a estavam esperando junto ao Pai, nosso Senhor.
Acho que se eu não tivesse vindo vê-la...eu sentiria um remorso e o carregaria pelo resto de minha vida.
Eu estou no exterior por melhores condições para mim, meu marido e meu filho....mas ficar longe da família e passar por momentos como esse é sentir um dor tão grande...uma impotência de estar longe...é uma sensação de briga interna. Pois ficar próximo da família é de extrema importância, mas morar em um país que a taxa de desemprego somente cresce, que a inflação sobe, os preços de tudo está um absurdo, que a roubalheira descarada de governantes não termina, ....como criar um filho aqui se eu tenho a oportunidade de dar outras condições?
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